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1.9.10

Pas de Deux


E bem além do que se pode ver, sigo a brisa e o mundo de sensações e odores que ela me traz. Sigo o rastro do sândalo, as vidas que nele se inscreveram, as linhas e as curvas paralelas que, mais tarde, se cruzam nisso que, creio, é mistério. É então que me invadem outros sentimentos, me afundam e transbordam e eu danço. Danço até que meus pés risquem o solo, sangrem e me devolvam à terra, à gênesis. Escorro pelo chão, flutuo na água e sou levada pelo vento. Sou terra, sou água e sou ar. Sou mãe e sou filha. Paz e Guerra. Vida e morte. Sou você, e bem mais que você, sou Nós. Te sigo e sinto que me perco. Me perco e desvelo as camadas infinitas de faces, trajes e vidas que compõem isso que vês. Fico nua e encontro. Então eu sou terra, água e ar. Sou efêmera e perene. Sou e estou.
Fênix que dança descalça na varanda da sua vida.


* Foto de Gregory Colbert, projeto Ashes and Snow.

2 comentários:

  1. Somos tudo na medida que somos todos esses sentimentos. Fragmentos de existência que estão em nós e se fazem presentes. Que a plenitude da sua natureza e da sua dança toque corações e por eles sejam tocados. A perinidade da efemeridade é a coisa mais bela que há. (:

    (adorei a metáfora da fênix) (:

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  2. Que intenso, que direto. Esse foi aos meus sentidos, bem mais do que à minha mente. (Adorei a metáfora da fênix [2])

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