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27.11.12

Na última folha do meu caderno, uma história

Era 5 de maio de 2012.

Uma mulher me observa dentro do ônibus enquanto olho desatenta o rio pelo qual passamos. Me pergunta, certeira:
- Você está pensando em alguém, não é?
Sorrio impressionada. Mas que perspicaz! Tento disfarçar, dizendo:
- Pensando na vida...
Não satisfeita, dispara:
- Com esse sorriso no rosto? Não! Você está pensando em alguém, sim.
E agora? Desmascarada, sorrio novamente, dessa vez acompanhada da esperta senhora.
Desço do ônibus, cheguei ao meu destino. Ainda estou sorrindo, encantada com a delicadeza e atenção daquela mulher que provavelmente nunca mais verei na vida, mas que me decifrou em alguns segundos.
Mas que perspicaz!, pensei. Atravessei a rua, segui caminhando para encontrar o motivo daquela interação inusitada. Finalmente, o encontrei. O dono dos meus pensamentos - os bons e os ruins - e do meu agora antigo sorriso espontâneo.


Quem me dera passar mais tempo com aquela senhora e, quem sabe, aprender como posso voltar a ter aquele sorriso bobo no rosto. Aquela sensação de que existia, ainda que distante, um "nós".