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10.7.10

Imensidão

Chovia lá fora.

Da janela eu podia ver: caiam as gotas num compasso hipnotizante. Eu as escutava, soavam como a mais encatadora das canções. Uma, duas, três... não sei quantas horas permaneci. Eu apenas observava a chuva cair. Em cada gotícula assistia a uma cena do que já se fora. Assisti a tudo. Minha vida estava ali, eu estava, realmente, ali. E como única espectadora do que seria a ilustração da minha história, eu soube: acabaria ali. Opondo-me às previsões, às promessas que, desde o princípio, estavam fadadas ao esquecimento, consenti. O fim não me surpreendia mais, afinal, sempre fora presença constante. Era isso, então, o resultado de tudo: o nada. Tomou seu lugar, preencheu-me de si e apagou as luzes.

Chovia lá dentro também.

4 comentários:

  1. É tudo tão simples e tão complexo ao mesmo tempo. De uma cena que parece ser normal, sai coisas, lembranças mil, tanta coisa. Gosto de textos assim, me soando paradoxais e ao mesmo tempo tão fértil.

    Ja disse que adoro você escrevendo, né?

    Um beijo!

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  2. A última frase me arrepiou, de verdade.

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  3. Jah me senti assim muitas vezes.. é horrível.
    Ver que tudo acabou, e pensar que só o nada ficou.. mas eu aprendi que isso nao é de todo verdade.. nao a ultima parte, pelo menos..
    Porque NADA acontece por acaso.. e se tudo acabou.. pelo menos serviu pra nos ensinar algo.
    E a vida é isso.. aprender com as situações, por mais doloroso que seja.. é assim.
    beijos.

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