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23.10.11

Tempo de (in)certezas

23:04

O último ônibus sai às 23h? Merda! Não acredito que perdi.

Caminhei pela estação quase deserta, havia um banco mais a frente. Poderia esperar pelo próximo ônibus, se é que ainda havia um.

23:07

Ele viu. Pernas nuas, um vestido preto ajustado e sapatos marrons. Cabelos soltos, jogados por cima dos ombros. Só um casaco a protegia do frio daquela noite de Maio.

23:10

Ela me viu. Mas que cara é essa?

Decidiu se aproximar e perguntar se ainda haveria algum ônibus.

23:12

Você está esperando o ônibus? O último já passou?

23:12

O último também perdeu a hora, assim como eu e você. Mas não, eu não estou esperando.

23:13

Ela se sentou no banco.

Ahn, bom, então o último ônibus ainda vai passar?

Sim...

23:16

Você não é de falar muito, não é? Se não está esperando o ônibus, o que você ta fazendo aqui?

Olhou-me de canto, resmungou algo que não pude ouvir e sorriu. Meu Deus, que sorriso! O que ela fazia ali, afinal? Sozinha numa estação de ônibus, inexplicavelmente linda e desprotegida! Esperei pela sua resposta. Não veio.

23:20

Por que você está aqui sozinha?

23:20

Você também não está? Só, eu digo.

Não pude conter um sorriso. Ela sorriu também.

23:22

Você é o tipo de garota que destrói corações, não é?

Ela apoiou o queixo nos joelhos, fechou os olhos meneando a cabeça lentamente, torceu o canto dos lábios.

Não, eu sou do tipo que tem o coração partido. O que você esperava chegou.

23:22

O ônibus parou na estação. Eu subi, mas ela ficou. Sentada, um olhar gélido e distante. Não me olhou.

Um comentário:

  1. Uau!

    Li agora!

    Nem sei se é real...

    mas soou bem real para mim.

    O que costumo chamar de "tristelindo"...

    Parabéns!!

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