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28.1.12

De onde vem as respostas

Deito, passo a encarar a escuridão. Procuro atravessar a espessa camada do escuro sólido, aquele que paira no ar e sussurra aos nossos ouvidos nos momentos de medo. Alcanço a verdadeira escuridão. Liberta de sons, cheiros ou qualquer movimento. A escuridão dos sentidos, o reduto dos meus sentimentos e pensamentos mais profundos e sombrios. Posso passar horas revisitando cenas antigas, recontar momentos e criar um futuro que só existe na minha própria cabeça, no canto escuro dos meus desejos e inquietações. O local onde guardo meus bens mais preciosos, a escuridão, por vezes iluminada, dentro de mim. Segundos arrastam-se por horas, deixam um rastro e revolvem meu estômago, como se descesse uma escadaria interminável em círculos, cada vez mais rápido, cada vez mais fundo, mais escuro. Descendo, lembrando, sonhando, sofrendo, revivendo, escondendo até que finalmente sou puxada de volta pelo ventre. Arremessam-se para fora do redemoinho de sentimentos e, enfim, abro os olhos. Sei a resposta. Tudo o que consigo enxergar é o teto. E uma saída.

Um comentário:

  1. Cara Débora S. Britto,

    Há alguma tempo, que já não me lembro quanto tempo faz, eu escrevi algo assim, como esse texto teu. Esses são sentimentos estranhos.

    Abraços,
    D.S.

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