- O que houve?
-Foi tudo tão surreal, não, digo, irreal. Agora é como se houvesse um véu que me impede de lembrar aquelas cenas com os detalhes, as cores, os cheiros, as sensações que foram tão reais - ou irreais, surreais, o que seja. Apenas parecem, é o que importa. É que ainda não parece real, entende? Até o que só agora eu sei que não era. Ou talvez eu não apenas não consiga acreditar que não era verdade. Eu posso tentar desvendar esse mistério, mas não vou. Não perderia mais um segundo sequer buscando falsas palavras, falsos sorrisos tão desgraçadamente reais. Poderia, como os outros, ignorar tudo isso. É mais fácil, não é? É tentador, tenho que confessar. Fingir que não é nada, que é algo natural e conseguir um pouco de paz. Faria qualquer coisa, mas não posso, a barganha me é muito cara. Simplesmente não vou mentir e negar o que eu sou, o que eu sinto.
- É só isso, então?
- Hã. É, é só isso.
- Como você está?
- Você quer a verdade?
- ...
-Foi tudo tão surreal, não, digo, irreal. Agora é como se houvesse um véu que me impede de lembrar aquelas cenas com os detalhes, as cores, os cheiros, as sensações que foram tão reais - ou irreais, surreais, o que seja. Apenas parecem, é o que importa. É que ainda não parece real, entende? Até o que só agora eu sei que não era. Ou talvez eu não apenas não consiga acreditar que não era verdade. Eu posso tentar desvendar esse mistério, mas não vou. Não perderia mais um segundo sequer buscando falsas palavras, falsos sorrisos tão desgraçadamente reais. Poderia, como os outros, ignorar tudo isso. É mais fácil, não é? É tentador, tenho que confessar. Fingir que não é nada, que é algo natural e conseguir um pouco de paz. Faria qualquer coisa, mas não posso, a barganha me é muito cara. Simplesmente não vou mentir e negar o que eu sou, o que eu sinto.
- É só isso, então?
- Hã. É, é só isso.
- Como você está?
- Você quer a verdade?
- ...